Cristóvão tinha três filhos e uma lindíssima égua branca. Eram bens preciosos, sem dúvida, os bens mais preciosos da terra, mas Cristóvão, nos últimos tempos, perdera a alegria. Sentia-se envelhecer, queria fazer testamento, e não sabia a quem deixar o animal. Ele gostava de todos os seus filhos, e estes também lhe queriam bem. Ainda recentemente, por ocasião do seu aniversário, nenhum deles o havia esquecido. António, o mais velho, ofereceu-lhe um capote; Joaquim, o do meio, deu-lhe um cavaquinho; João, o último que Raquel pusera no mundo, trouxe-lhe uma rosa vermelha. (…) «Próxima do universo e das referências habituais dos contos tradicionais, onde se assiste à disputa de um ser especial por três irmãos, a narrativa de Eugénio de Andrade recupera igualmente um estilo e uma linguagem próximos dos do contador de histórias, estabelecendo uma relação próxima e cúmplice com o narratário com quem partilha e comenta os pormenores da acção. Contudo, a propor um final inesperado que castiga os três irmãos, o narrador afasta-se do paradigma dos textos da tradição oral, recompensando uma personagem que não pertence ao círculo inicial das personagens. (...)»
Ficha técnica
Ilustrador: Joana Quental
Editorial: Campo Das Letras
ISBN: 9789726103523
Idioma: Portugués
Encuadernación: Tapa dura
Fecha de lanzamiento: 11/08/2005
Año de edición: 2002
Plaza de edición: Porto (Portugal)
Especificaciones del producto
Escrito por EUGENIO DE ANDRADE
Pseudónimo de José Fontinhas, poeta y prosista portugués nacido en Póvoa de Atalaya, en la región de Fundao. De familia campesina, heredó de ésta el desprecio por el lujo, que según él y en sus múltiples formas es siempre una degradación. Ex funcionario público, con influencias de la cultura griega y oriental, de una profunda cultura literaria y excelente conocedor de la poesía española, no soportó que le atribuyeran palabras que no fueran de su vocabulario personal, defendió la exactitud del lenguaje y no le interesaron nunca el dinero y la fama. En Oporto existe una fundación con su nombre. Fue el representante de una izquierda que rechaza siempre la iniquidad y todas las formas de represión. Murió el 13 de junio del 2005 en Oporto, tras una larga enfermedad.