Nem todos os dias se quer ouvir uma estaladiça fuga de Bach, ou amar uma mulher suculenta, mas todos os dias se quer comer. A fome é o único desejo reincidente. A visão acaba, a audição acaba, o sexo acaba, o poder acaba - mas a fome continua. Em O Clube dos Anjos, dez homens entregam-se a esta afinidade animal - a fome em bando - sem temer a morte. Na verdade a perspectiva de morrer só aumentaria, para eles, o prazer da comida, e o desafio filosófico da gastronomia: a apreciação que exige a destruição do apreciado.