Quando a escritora Clarice Lispector terminou ''Um Sopro de Vida'' (Pulsações), às vésperas de sua morte, por câncer, em 1977, sabia que este seria o seu livro definitivo. O livro era de fato o sopro de vida de Clarice, que precisava escrever para se sentir viva. Na história, ela fala de um homem aflito que criou uma personagem, Angela Pralini, seu alter-ego. Mas ora ele não se reconhecia em Angela, porque ela era o seu avesso, ora odiava visceralmente o que via refletido naquela estranha personagem-espelho.
O autor elabora Angela Pralini, mas ela toma vida própria, surpreendendo e revoltando seu criador com suas diferenças. Um processo de criação, uma relação em que Clarice Lispector revela os conflitos de um autor com seus próprios impulsos e o quanto é doloroso aceitá-los e deixá-los fluir. Ainda que estes impulsos se realizem através de uma personagem, Angela Pralini, criada para libertar o autor de seus fantasmas, cumpre o destino de ser o sopro de vida de um escritor.
A questão da vida e da morte atormenta este autor criado por Clarice em seus últimos momentos de vida: ''Se me perguntarem se existe vida além da morte... respondo num hesitante esquema: existe, mas não é dado saber de que forma essa alma viverá... Vida, vida recoberta em um véu de melancolia. Morte: farol que me guia em rumo certo. Sinto-me magnífico e solitário entre a vida e a morte'', diz o autor, ao qual responde a personagem Angela Pralini: ''Na hora de minha morte - que é que eu faço? Me ensinem como é que se morre. Eu não sei''.
Ficha técnica
Editorial: Relogio D'agua
ISBN: 9789896413361
Idioma: Portugués
Encuadernación: Tapa blanda
Fecha de lanzamiento: 06/04/2015
Año de edición: 2015
Especificaciones del producto
Escrito por Clarice Lispector
Clarice Lispector (Tchetchelnik, Ucrania, 1920-Río de Janeiro, 1977) sorprendió a la intelectualidad brasileña con la publicación en 1944 de su primer libro, Cerca del corazón salvaje, en el que desarrollaba el tema del despertar de una adolescente, y por el que recibió el premio de la Fundación Graça Aranha 1945. Lo que entonces se consideró una joven promesa de tan sólo 19 años, se convirtió en una de las más singulares representantes de las letras brasileñas, a cuya renovación contribuyó con títulos tan significativos como La hora de la estrella, Aprendizaje o el libro de los placeres o su obra póstuma Un soplo de vida, todos ellos publicados en Siruela.