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"Coitado do Bonifácio! Que ridículo exemplar de ser humano... O que o tempo fez com ele? Lembro-me de que era mais agradável e espirituoso quando jovem. Terá sido o casamento que o deixou assim ou serão esses anos todos trabalhando nesse mesmo escritório de advocacia? Tão ambicioso que era na época da faculdade, quem diria que ia terminar como um pobre capacho de doutor, desses que passam uma vida dizendo sim, senhor. É verdade que ganhou dinheiro, mas a que custo. Fisicamente falando, até que não está mal — fora a calvície que já adianta o que vem por aí —, mas a gente nota que é um sujeito psicologicamente destruído. Nem mesmo conseguiu acompanhar o seu tempo; parece que vive preso ainda dentro dos anos 80. Quer dizer, piorado, porque naquela época ainda demonstrava ter ideias avançadas, mas hoje... Espero que eu possa fazer algo por ele durante essas duas semanas. Se bem que uma coisa é certa: foi muito esquisita essa sua súbita vontade de fazer essa viagem. Tenho cá pra mim que alguma coisa ele está escondendo. Será que me culpa de algo? Não, não pode ser isso. Pelo contrário, ele devia era me ser grato por ter nobremente tirado o time de campo, deixando o caminho livre pra ele se entender com a Berenice. Sim, porque eu me lembro bem de que, embora ela flertasse com os dois, tinha nítida preferência por mim. Ah, Berenice..."