Gilberto Freyre, em 1923, escreveu uma nota no jornal se colocando contra a alfabetizaço. Ele ainda arregimentou os culpados por criarem a "superstiço" do alfabetismo: "um velho de Mainz" (Gutenberg), "um frade pedagogo de Wittenberg" (Lutero) e "um genebres de juizo solto" (Rousseau). Eles teceriam, cada um ao seu modo e ao seu tempo, um entendimento, que nos ajudaria a preparar uma sociedade moderna, na qual a educaço escolarizada e considerada essencial para formar um novo homem. Freyre ainda indagou se o alfabetismo seria a felicidade maxima de um povo e, numa observaço espirituosa sobre a maquina inventada por Gutenberg, concluiu que, caso possuisse talento mecanico, inventaria uma maquina mas para produzir analfabetos! Porem, a vida e feita de encontros, e pensamos que foram alguns contatos de Freyre durante o governo de Estacio Coimbra (19261930), de quem ele era assessor, que o fizeram mudar suas ideias sobre alfabetizaço. O ambiente pedagogico em casa, com seu pai Alfredo Freyre, e o forte dialogo intelectual com Carneiro Leo, o encontro dele com a docencia, ao lecionar Sociologia na Escola Normal de Pernambuco, foram encontros que o fizeram quebrar imaginariamente a maquina que queria para reproduzir analfabetos e, no devir, o ajudariam a perceber a necessidade da alfabetizaço para a formaço do homem novo. Tanto que, nos anos 1950, dirigiu o Centro Regional de Pesquisas Educacionais de Pernambuco (19571975). Ousamos dizer que Freyre deve ter refeito suas impresses, ditas na nota de jornal, e atribuido outro sentido ao invento de Gutenberg, ao arrojo de Lutero e as inquietaçes de Rousseau. E mais, se fosse hoje, Freyre, ao ver a taxa de analfabetismo no Nordeste, numa de suas tiradas, diria: "Invente-me uma maquina para produzir alfabetizados!".
Ver más